Há 77 anos, no dia 30 de julho de 1946, em Fortaleza, Ceará, Brasil, América do Sul, planeta Terra, desembarcava eu de uma cápsula uterina, neste planeta-escola (para reaprender a bem viver consigo mesmo e com os outros), planeta-arena (para aprender a lutar contra minhas incompletudes), planeta-oficina (para ser útil no trabalho), planeta-hospital (para curar das enfermidades eventuais), planeta-manicômio (para libertar-se da camisa-de-força da loucura), planeta-presídio (para cumprir o tempo de reclusão num corpo físico) e para novas tentativas interrompidas por sucessivas paradas/estações obrigatórias.
Tinha perdido completamente a noção de onde estava vindo, para onde estava indo, por que estava aqui, fazendo o quê e a serviço de quem – ou do quê.
Não fazia a menor ideia aonde isso iria chegar, ou para onde eu estava sendo levado.
Durante os preparativos para o embarque desta jornada, pensei que ia ser fácil recomeçar, refazer, retomar, restaurar, reverter, retificar, ratificar, restituir, devolver, consertar, corrigir, reparar, reaproximar, reconciliar, passar a limpo os rascunhos com os quais tentei burlar a Lei, ludibriar a Justiça, falsear a Verdade e adulterar a Retidão.
Sou um viajante do Tempo; a eternidade está a minha espera.
Novas jornadas surgirão.